terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Cidades criativas brasileiras

Qual é a sua responsabilidade em aumentar a criatividade do destino em que está localizado seu empreendimento, e com isso transformá-lo em um "lugar para trabalhar, morar e se divertir, onde as coisas acontencem e se transformam com incrível dinamismo", como diz Ana Carla Fonseca (1), especialista em economia da cultura?

Empresários e cidadãos de algumas cidades mundo afora e também do Brasil entendem que suas responsabilidades são totais e estão se movimentando para cada vez mais transformar o organismo vivo que são as cidades em laboratórios de experimentação e inovação.

Clique aqui para ler, na íntegra, a excelente matéria de Tatiana Achcar para o portal Época Negócios, que destaca a criatividade no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro, e as cidades de São Paulo, Paraty e Guaramiranga.

Como se desenvolvem as cidades criativas?
O consultor Charles Landry (2), inventor do conceito de cidade critativa, considera que a questão que se coloca, hoje em dia, quando se pensa em planjeamento de cidades e a transformação dessas em lugares onde as pessoas se sintam realizadas e consigam dar vazão a sua criatividade e em consequência ajudar a resolver os problemas urbanos é "o que está para acontecer?" ou "onde vamos?". Para Landry, isso será alcançado se conseguirmos evoluir da fragmentação do conhecimento para o cruzamento do conhecimento. Em suas próprias palavras: "todos nós sabemos o que nós sabemos, mas o interessante é o que fazemos em conjunto com os diferentes conhecimentos".

Para fazer esse trabalho em conjunto, Landry considera que é necessário implantar e desenvolver uma estrutura organizacional que ele chama de burocracia criativa, o que poderia parecer uma contradição, mas que na verdade significa utilizar o elemento positivo central da burocracia, ou seja, a capacidade de executar ações, para permitir não só a produção, mas a implantação de souções criativas.

Qual o papel de empresários do setor de turismo no desenvolvimento de cidades criativas?

Além da gestão pública e de entidades do terceito setor, o desenvolvimento de soluções criativas e que tragam competitividade para destinos turísticos depende, fundamentalmente, das contribuições de empresários do setor na construção de um ambiente favorável a transformação de seu destino em um laboratório de criatividade. Isso porque, os empreendimentos mais criativos e competitivos, são geridos por líderes, por empresários experimentados no processo de gerir organizações, de desenvolver projetos que precisam da colaboração de diferentes pessoas, de inovar e encontrar soluções para determinado problema e tomar decisões.

Outra contribuição importante está no reconhecimento do potencial econômico da cultura e na capacidade de gerar distribuição para a produção cultural de seus destinos. Essa capacidade pode se materializar na venda de produtos culturais, como artesanto e produtos alimentícios, na realização de festivais culturais, no apoio à exposição de trabalhos de artistas plásticos, entre outras tantas alternativas maiores, portanto desenvolvidas em parceria com outros empresários e entidades, ou menores, portanto possíveis de serem realizadas individualmente. Assim, a distribuição realimenta a produção cultural.

Mas por quais motivos devem os empresários se engajar em tal tarefa?
Porque não há como fugir da competição internacional em que estão colocados os destinos. Porque a capacidade de um PMH em ser competitivo está diretamente conectado à competitividade do destino em que está localizado.

Onde estão os recursos para desenvolver a tarefa?

"Nos centros urbanos, pequenos ou grandes, industriais ou de serviços, de países economicamente ricos ou pobres, onde se encontra a maior concentração de talentos e criatividade por metro quadrado. É nesses locais, movidos por inventividade ou necessidade, por opção ou falta dela, que pessoas das mais diversas vertentes se encontram, interagem, convivem. E é contando com esse substrato que várias cidades tëm tentado transformar seu tecido socioeconômico, baseado em uma das poucas coisas que não são padronizáveis: sua singularidade cultural". Ana Carla Fonseca no blog Cultura e Mercado

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(1)Ana Carla Fonseca é economista, conferencista internacional em marketing cultural, economia da cultura e economia criativa,  autora de Economia da Cultura e Desenvolvimento Sustentável e de Creative City Perspectives.

(2) Charles Landry é considerado um dos líderes mundias em pesquisa e consultoria em cidades criativas, trabalhou em centenas de projetos, fez palestras em mais de 40 países, e é autor de Criative City: A Tool Kit for Urban Innovators, ainda sem tradução para o português, entre outros importantes livros.

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